miércoles, 4 de junio de 2008

Ernestina Otero Sestelo



SINOPSE BIOGRÁFICA


ERNESTINA OTERO SESTELO


Nasce em Redondela o 23 de outubro de 1.890 e já desde muito nova demostra ser umha mulher emancipada, protagonista do seu próprio destino.
A sua trajectória estudiantil é toda umha provocaçom ao ensino decimonónico da época, ancorado em estructuras medievais no que as mulheres tinhamos fechadas as portas.
Ingressa na Escola Normal de Ponte Vedra em 1904 onde inicia os seus estudos de Magistério que remataria no ano 1908 com calificaçom de sobressalente. Logo vai-se a Madrid para estudar na Escola Superior de Magistério, recem aberta, na seçom de Ciências. Esta Escola Superior supunha umha nova experiência educativa, um projecto totalmente progresista e innovador. Ernestina comença a ter ansiedades e preocupaçons na sua vida estudiantil, participando na organizaçom de numerosos actos culturais asim como nos ciclos de conferências organizadas pola Escola, que polos seus diversos temas, científicos, pedagógicos, políticos ou sociais afiançou o seu caracter de centro da cultura dentro do panorama intelectual madrilenho, no que participarom personalidades tam relevantes como Emilia Pardo Bazam, estas actividades deijarom pegada na sua vida.
Ao remate dos seus estudos volta a Galiza e em 1.914 casa com o boticário Luis Pereira Míguez e solicita a praça de Pedagogia na Escola de Ponte Vedra, a mesma foi-lhe concedida o 27 de março de 1915, quando tinha 25 anos, como assim o recolhe o Diario de Ponte Vedra. Ademais imparte clases a muitíssimas mulheres de Redondela principiando assim umha autentica revoluçom cultural entre a mocidade feminina.
No curso 1922-23 decidem trasladar-se a viver a Ponte Vedra e instalam-se num chalet que a familia Olmedo posuia em Santa Clara, posteriormente trasladam o domicilio ao nº 25 da rua da Oliva, nesta casa permaneceu com a sua familia até 1937.
Desde a sua incorporaçom à Escola de Magisterio participou activamente nas labouras da mesma, nom só num senso estrictamente académico senom também nas actividades extra-académicas ou culturais, como assim recolhe o Diario de Ponte Vedra, no curso 1915-16 organizou viaxes culturais ao exterior, em todos eles tentaba dar ao seu alumnado a possibilidade de conhecer instalaçons industriais, centros de investigaçom, museos, lugares históricos, ..., como um jeito de nom limitar o ensino ás actividades das aulas e ampliar a bagagem cultural dos/as futuros/as ensinantes. Estava bem certa de que esta cultura chegaria dalgum jeito às crianças e que da formaçom dos/as ensinantes dependia o futuro do nosso pais.
Para atraer as crianças à escola em 1920 nace na Escola Normal de Ponte Vedra, dum jeito experimental, umha nova instituiçom o “ropero escolar” ao que Ernestina presta um alento ejemplar. O objectivo do mesmo era estimular e favorecer a assistência à escola, ao tempo que aliviar a precária situaçom de muitas familias. Este “ropero escolar” funcionou até 1936 chegando a atender a mais de 2.600 crianças.
Outro problema que existia nestes anos era o da fame e assim com a ideia de paliar esta situaçom nascerom as “ cantinas escolares”, muitas crianças forom escolarizadas e aprenderom a ler deste jeito.
A sua casa era um continuo fervedouro de mocidade, e em muitas ocassons umha prolongaçom das aulas.
A vida cultural de Ponte Vedra daqueles anos era muito intensa e ela participaba fortemente da mesma, as suas conferências e charlas eram sempre muito concurridas. Mantinha relaçom com intelectuais republicáns, galeguistas e progresistas da época, entre eles : Castelao, Bóveda, Telmo Pérez, Osorio Tafall, Alvárez Limeses, Pablo Novás, Jose Adrio,... .
A chegada da República é a grande esperança para toda a sociedade em gêral e os/as educadores/as em particular, tentam eliminar o desigual acceso à cultura. Nestas circunstáncias Ernestina apoia toda clase de iniciativas. Foi eleita pola República como a pessoa máis idónea cara a posta em marcha da Reforma Educativa em profundidade, por isso confiam-lhe as duas Instituçons máis importantes a saber: a Escola de Magistério da que foi Directora e o Conselho Provincial do Primeiro Ensino do que foi Presidenta (1.933-1.935).
Desde estas responsabilidades desenvolve aspectos tam importantes como : o fomento da assistência a Escola; criaçom de rouperias e cantinas escolares; um novo conceito de escola rural muito centrado na realidade da Galiza; estimula o ensino de adultos; impulsa a creaçom de escolas; organiza cursos de aperfeiçoamento para ensinantes; introduce a utilizaçom de campos agrícolas experimentais, obradorios artesanais e industriais relacionados com o desenvolvimento do nosso pais; potencia a investigaçom do estudo das características históricas, geográficas e culturais da Galiza; fomenta a Coeducaçom onde os espaços masculinos e femininos deixam de ter razon de ser por separado e assim neste momento a Escola Normal de Ponte Vedra creada em 1840 e a sua homónima feminina nascida 20 anos mais tarde unificarom os seus espaços sociais e académicos.
No período 1931-1935 houbo um aumento dum 43% de ensinantes na provincia e um 50% de incremento das escolas existentes.
A sua participaçom pública na política pode-se sinalar com o seu compromiso claro com a democrácia, e polo tanto com a República e o apoio e defesa dos direitos da mulher e da Galiza. Conhecedora de que a educaçom e a cultura do nosso povo eram peças fundamentais para o avance da sociedade. Em síntese, pode-se dizer que elevou ao máximo exponente a Pedagogia recibida pola “Institución Libre de Enseñanza” e pola Escola de Estudos Superiores de Magistério, nom decepcionou aos seus amigos galeguistas e respostou à confianza depositada nela pola República.
Em fevereiro de 1933 um grupo de intelectuais publicam um manifesto a favor do Estatuto da Galiza, evidenciando o seu apoio público, Ernestina Otero Sestelo assina este Manifesto , junto com Maria Cruz Pérez companheira da Escola Superior de Magistério som as únicas mulheres que aparecem assinando dito manifesto.
No veram do 36 estava de Presidenta dos tribunais das oposiçons de Magistério,como dado paradógico, o tema a desenvolver polos opositores era “O ensino da História: O pacifismo”, aquelas oposiçons como tantos outros projectos de dignificaçom colectiva e modernidade que foi a Republica tiverom que paralisar-se porque os golpistas levantarom-se em armas contra as Instituiçons legítimas. Ernestina recibe do General Comandante Militar de Ponte Vedra a orde de suspender as oposiçons e fazer entrega do importe dos direitos de exame como se recolhe no Diario de Ponte Vedra de data 1 de agosto do 1.936. Em cumprimento desta orde Ernestina procede à entrega dos cartos e dos ejerciços escritos, que seriam previamente selados com um anel que levava umha estrela de david no qual o Governador Civil quereria ver posteriormente umha estrela de cinco puntas cargo que se empregaria na sua contra.
O regimem franquista reprimiu brutalmente a Ernestina e a todo o seu entorno familiar e de amizades, primeiro conhecerom a cadeia Poza, Adrio, Bóveda, Rey,..., e ensinantes, muitos deles ex alumnos de Ernestina, despois vinherom os fusilamentos Bóveda, Telmo,..., os paseados e as fosas comúns, e logo por fim o exilio exterior Castelao, Alejandro Otero,... .
O seu home Luis e o seu irmam Pedro, que foi o primeiro alcade da República em Redondela, forom conduzidos em repetidas ocassons ao Cuartel da Garda Civil para serem interrogados ou levados à sede da Falange, ameaças, repressons, torturas. O seu home Luis debilitado por esta situaçom morre em junho do 1.937.
Tampouco ela queda ao margem destas penúrias e persecuçons tendo que presentar-se em várias ocassons diante do Governador Civil para se defender de numerosas acusaçons. O seu “delito” era ter sido demócrata, republicam e defensora da sua Terra.
Ao se ter negado Ernestina a presentar nengum prego de descargo pola sua actuaçom ao longo da República, o dia 11 de novembro recibe a comunicaçom oficial de quedar suspensa de emprego e soldo, nesta comunicaçom aparece o seu nome numha lista de 60 profissionais de toda Galiza na que figuram entre outros Bibiano Fernández Osorio-Tafall, Castelao e quatro mulheres entre elas Enriqueta Otero. As irmás de Ernestina, Esperanza e Lola, tampouco escapariam à repressom e seriam suspensas como mestras de primeiro ensino inmediatamente despois.
Com data 15/06/1.937 aparece publicado no B.O.E. umha orde da presidência da Junta Técnica do Estado pola que Ernestina era separada definitivamente do serviço e procediam a da-la de baija no escalafom, será entom quando tenha que ir-se de Ponte Vedra e trasladar-se a Redondela.
A situaçom semelhava pouco fácil para a resistência mais ela conseguiu sair para adiante com a sua familia (tres filhas e um filho), dando aulas particulares e aínda adica o seu tempo a diferentes actividades como ajudar às presas e presos políticos tanto conhecidos como aos que estavam na Ilha de Sam Simom ou noutras cadeias. Na rebotica do seu home Luis chegou-se a montar um roupeiro para facilitar a vestimenta aos presos e presas.
Em umha revissom do seu expediente em dezembro do 1.939, decidem readmiti-la, mas desterram-na ao Ourense e inabilitam-na para cargos de direçom e confiança.
Na Escola de Ourense permanece 10 anos. Alí tivo que enfrontar-se de novo aos métodos totalmente anti-pedagógicos e reaccionários que o franquismo desenterrara e contra os que ela tanto luitara. Seguiu transmitindo ao seu alumnado modelos de educaçom diferentes aínda que tivera que faze-lo dum jeito empático e informal.
No ano 1.951 som levantados todos os cargos contra ela e tras participar num concurso de traslados volta a Escola de Magistério de Ponte Vedra, mais aquela Pontevedra era diferente a que tiverá que abandonar no 1.937, agora tinha incluso que convivir com pessoas que a denunciaram no seu momento. A Escola Normal também era diferente, todas aquelas velhas experiências progresistas e innovadoras foram esquecidas, rejeitadas ou despretixiadas: a Coeducaçom formalmente proibida, novos plans de estudo com asignaturas como “Formación del espíritu Nacional” ou outras específicas para mulheres “Enseñanza del Hogar” impartidas por professorado nomeado pola “F.E.T de las J.O.N.S.S.”, livros de texto que requeriam previa autorizaçom conjunta das autoridades eclesiásticas, do ministério de Educaçom e do “Movimiento Nacional”, a volta aos valores mais tradicionais para a mulher concebida só como nai, esposa ou filha e nom “la intelectualidad pedantesca que intenta en vano igualar al varón en los dominios de la ciencia”.
O alumnado de Ernestina sinalava que as suas aulas eram muito diferentes às impartidas polos outros/as professores/as, o seu estilo era distinto e mesmo deixava entrever experiências pedagógicas rejeitadas polo sistema educativo vigente, tentava deste jeito suplir as carências dos livros de texto, os siléncios ou as informaçons sesgadas.
Despois de umha vida tam agitada a sua saude foi-se minando, morre repentinamente o 12 de fevereiro de 1.956 à idade de 65 anos. Nunca renunciou aos seus principios e intentou com o seu pensamento e a sua prática transmiti-los à sua familia e a todas as pessoas que dumha ou outra maneira tiveram relaçom com ela.
O seu pasamento foi multitudinário e constituiu umha autêntica manifestaçom de solidariedade e dor que foi recolhida na prensa da época ( Faro de Vigo, Pueblo Gallego,...) assim como na acta da sessom extraordinaria da Escola Normal de Ponte Vedra celebrada com o motivo do seu pasamento.
BIBLIOGRAFIA
Recuperando a nossa história I. Mulheres Nacionalistas Galegas 1.998. Subvencionado polo Concelho de Vigo.
Ernestina Otero Sestelo, pedagoga. Manuel Puga Pereira . Ediciós do Castro serie Documentos 1.992.
Trabalho de campo com a sua familia.

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